Como terminamos é mais importante do que como começamos. É possível começar no ponto certo, mas se perder ao longo do caminho. Agora, também é verdade que ajustes de rota ao longo do caminho podem acontecer e salvar vidas.
O RMS Carpathia era um navio de passageiros que navegava pelo Atlântico em direção a atual Croácia. Na madrugada de 15 de abril de 1912, enquanto o famoso Titanic enfrentava sua tragédia após colidir com um iceberg, o operador de rádio do Carpathia recebeu um pedido de socorro. O Titanic, a cerca de 93 km de distância, afundava rapidamente. Ao receber a mensagem, o capitão tomou a decisão imediata de alterar a rota do Carpathia e dirigir-se ao local do naufrágio, apesar dos riscos significativos para ele e sua tripulação. O Carpathia chegou ao local cerca de duas horas após o Titanic ter afundado. Ao amanhecer, a tripulação conseguiu resgatar 705 sobreviventes dos botes salva-vidas. Apesar da tragédia, a ação rápida e o ajuste de rota do Carpathia foram cruciais para salvar centenas de vidas.
Essa é aquela época do ano em que olhamos para trás com alegria ou desânimo. Alguns começaram o ano bem (ou tiveram uma boa época anos atrás), mas chegam ao final de 2024 quebrados e desanimados, em diferentes aspectos. Outros talvez não tenham começado o ano tão bem (ou vieram de uma temporada e anos ruins), mas conseguiram corrigir rotas e alcançar seus objetivos. Agora, também precisamos entender algo importante aqui. Alcançar nossos objetivos não é, necessariamente, bom, porque se os nossos objetivos estão desalinhados com os de Deus, o fim será desastroso.
Uma pesquisa rápida na internet sobre as principais metas para o próximo ano me trouxe os seguintes resultados (talvez você se encaixe em algum — ou alguns — desses):
Perder peso
Ganhar (e guardar) mais dinheiro
Viajar
Conseguir um novo trabalho (ou promoção no trabalho)
Parar de fumar e beber
Aprender um novo idioma
Construir (ou comprar) uma casa
Nada necessariamente errado com esses objetivos, mas o ponto é que listas como essas nos mostram o quanto podemos ficar ocupados com nós mesmos, e o quanto podemos nos esquecer de Deus. Terminar bem não está ligado a alcançar nossos objetivos, terminar bem está ligado a viver um relacionamento profundo com Deus — e viver um relacionamento profundo com Deus é resultado de priorizarmos a Deus.
O livro do profeta Ageu fala sobre isso. O momento para o povo de Israel era “ideal”. Eles estavam voltando a Jerusalém para reconstruir a cidade e o templo. Eles podiam, agora, retomar as práticas estabelecidas por Deus após o êxodo. E foi o que eles fizeram por algum tempo. O problema é que as dificuldades os fizeram desviar os olhos do Senhor e priorizaram o próprio conforto ao invés de priorizarem o relacionamento com Deus.
O povo tinha acabado de voltar do exílio para a sua terra. Eles tinham de volta tudo o que pediram por muito tempo. Agora as coisas poderiam voltar ao normal. E de fato elas voltaram, ao normal demais. Ao normal onde Deus não é mais a prioridade. Ao normal onde nos atarefamos com tantas coisas, que nos esquecemos do que é essencial. Ao normal onde planejamos e queremos tantas coisas, que Deus fica em segundo plano. Ao normal onde a maior parte do nosso tempo é consumido com coisas e atividades, e daqui a pouco estaremos aqui de novo, entrando em 2026, com o mesmo sentimento de que o ano voou, com uma série de pontos na nossa lista de coisas que queríamos fazer sem terminar, ou com uma série de conquistas que só nos afastaram de Deus. Nós construímos nossa casa, mas deixamos o templo em ruínas.
“Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento,
enquanto a minha casa continua destruída?”
(Ageu 1.4)
Ao mesmo tempo que Deus exorta o povo sobre seu erro, Ele também diz o que devemos fazer. Deus está nos chamando a reconstruir o templo dEle. Ele está nos chamando a trabalhar em nosso relacionamento com Ele.
“Subam o monte para trazer madeira. Construam o templo,
para que eu me alegre e nele seja glorificado, diz o Senhor.”
(Ageu 1.8)
O livro de Ageu levanta, então, perguntas extremamente relevantes para nós hoje: Será que aprofundar nosso relacionamento com Deus tem sido prioridade? Temos planejado o nosso crescimento espiritual? Temos sido intencionais em separarmos tempo para sairmos um pouco da rotina que nos sufoca, e olharmos com calma para o nosso coração e para o nosso relacionamento com Deus?
E talvez você ouça isso e já fique pensando: Mas que tempo? Como que eu vou conseguir um tempo para pensar? E você percebe como já começamos a criar barreiras para aquilo que deveria ser o mais importante para nós? A realidade é que sempre temos tempo para o que é prioridade para nós. E Deus jamais imporia sobre nós uma rotina que impeça de ter tempo com Ele. Talvez seja hora de abrir mão de algumas coisas, desacelerar, e priorizar o que realmente importa: o relacionamento com Deus. Talvez seja hora de parar a construção da sua casa, e começar a reconstruir o templo que por muito tempo ficou parada.
Se hoje, ao fim de 2024, você não está mais próximo de Deus do que no começo de 2024, seu ano foi em vão… não importa se a conta no banco está mais cheia, se o trabalho está melhor, se você conseguiu fazer aquela viagem que gostaria, se você concluiu o projeto que tinha. E se você não começar 2025 com essa mentalidade, priorizando o seu relacionamento com Deus, pensando em como você pode crescer nesse relacionamento, você também perderá 2025. Priorize o seu relacionamento com Deus!
Algumas perguntas para redirecionar nossos esforços em 2025:
O que Deus nos mandou fazer e deixamos de lado em 2024?
- Um pecado que eu preciso confessar, um relacionamento que eu preciso arrumar.
O que podemos fazer em 2025 para desenvolver nosso relacionamento com Deus?
- Apenas uma coisa… talvez ser constante no devocional, talvez crescer na vida de oração.
O que podemos fazer em 2025 para a edificação da nossa igreja (pessoas)?
- A igreja são as pessoas… pensando nas pessoas, qual é uma coisa que podemos fazer para que as pessoas aqui cresçam à semelhança de Jesus em 2025? Como usar nossos dons em 2025 para levar pessoas para perto de Jesus?
Quem é a pessoa que ainda não conhece a Cristo que investiremos nesse novo ano?
- Uma pessoa… para orar todos os dias por ela e criar oportunidades de falar de Jesus para ela.
Que ao final de 2025, olhemos para trás animados com o que Deus fez em nós, e na expectativa daquilo que Ele ainda fará nos anos seguintes. Adeus ano velho, feliz ano novo — com Deus como nossa única prioridade, e com o objetivo de nos tornarmos cada vez mais parecidos com Jesus.
Editorial de Gustavo Santos
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