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Alicerces da Nossa Fé — A Graça Soberana e o Dom da Salvação

A salvação sempre está associada a uma condição de perigo ou situação indesejável da qual precisamos ser salvos. Mas se fizéssemos uma pesquisa para saber das pessoas se elas acham que precisam ser salvas de alguma situação ou condição de perigo, o que será que elas diriam? Talvez alguém que tenha um grave problema de saúde possa dizer que precisa ser salvo dessa situação, mas a maioria acharia meio exagerado dizer que precisa de salvação, no máximo de uma ajuda. Ajuda na criação dos filhos, em se relacionar com pessoas no trabalho, problemas financeiros, problemas emocionais entre outros. Porém, a Bíblia nos diz que todos necessitamos de salvação.

 

Para que possamos entender a condição do homem e a sua necessidade de salvação, é preciso considerar a origem da humanidade conforme nos é revelada no livro de Gênesis. O Homem foi criado por Deus à Sua imagem e semelhança. Assim, o homem recebe a missão de ser o representante visível do Deus invisível, refletindo o caráter do próprio Deus.¹ Esse fato define então um padrão moral e de retidão para o homem que tem como alvo o próprio caráter santo de Deus.

 

Porém os nossos primeiros pais escolheram desobedecer a Deus e por meio deles entra em cena o pecado:

 

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo,

e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,

porque todos pecaram.”

(Romanos 5.12)

 

Conforme Sproul, a palavra pecado pode ser traduzida como “errar o alvo”, de forma que o pecado pode ser entendido como o nosso fracasso total em atingir o “centro do alvo” que corresponde a uma obediência perfeita à Lei de Deus.¹ Como consequência do pecado o homem está separado de Deus, destinado à morte e à eternidade no inferno.

 

O problema do qual precisamos ser salvos está dentro de nós e está relacionado à nossa natureza pecaminosa. O pecado é algo em que estamos profunda, íntima e pessoalmente envolvidos em nosso coração e alma.¹ Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores.

 

Como somos salvos?

 

Como vimos, o problema do pecado está ligado ao profundo do nosso ser e pode ser visto em atitudes de desobediência à Lei de Deus. Passamos a viver centrados em nós mesmos, procurando satisfazer os desejos do nosso coração (Mateus 15.19; Efésios 2.3).

 

Dessa forma a solução do problema não está dentro de nós, mas é externa a nós. Somos incapazes de nos salvar.

 

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados.”

(Efésios 2.1)

 

Alguém morto não pode produzir vida, esta é uma prerrogativa de Deus. A salvação é uma ação soberana de Deus por meio da qual recebemos nova vida.

 

Em uma conversa com Nicodemos, Jesus declara:

 

“A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que,

se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”

(João 3.3)

 

Para que sejamos salvos da condenação do pecado é necessário que nasçamos de novo. Que esforço alguém faz para nascer? Nenhum! Não é pelo esforço humano, mas é pela ação de Deus que nos dá vida. Nenhuma mudança de pensamento ou atitude pode transformar a nossa natureza pecaminosa e nem pagar a penalidade devida às nossas transgressões contra Deus.

 

Em outros pontos da Bíblia essa transformação é descrita como o ser uma nova criatura em Cristo (Gálatas 6.15; 2 Coríntios 5.17), uma referência à ação do poder criativo que só pode ser exercido pelo Deus criador de todas as coisas.

 

Continuando na carta aos Efésios temos:

 

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,

e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo,

— pela graça sois salvos.”

(Efésios 2.4 e 5)

 

Esse texto faz referência à obra realizada pelo Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus: o Deus Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra, se tornou homem na pessoa do Seu Filho; viveu uma vida perfeita em nosso lugar, uma vida sem pecado; morreu em nosso lugar, recebendo a penalidade devida aos nossos pecados; mas Ele não permaneceu morto, ressuscitou! Essa é a mensagem do Evangelho.

 

Assim, a única forma de sermos salvos é pela obra do Senhor Jesus Cristo em nosso favor. Na cruz podemos ver o Amor, a Justiça e a Santidade de Deus. Mesmo um senso penetrante e profundo da nossa pecaminosidade não capta a realidade da nossa difícil situação. Nossa necessidade não deve ser medida pelo nosso próprio senso de necessidade, mas por aquilo que Deus teve que fazer para atendê-la.²

 

 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;

não de obras, para que ninguém se glorie.”

(Efésios 2.8 e 9)

 

A salvação é um presente dado por Deus e se torna evidente por meio da fé na obra realizada por Cristo. Não é alcançada por esforço feito por nós ou por mérito pessoal (Romanos 3.10,11,23,24). A fé deve envolver uma completa renúncia de confiança na própria bondade de alguém (manter a Lei), bem como uma total confiança em Jesus Cristo e Sua justiça.²

 

A capacidade de crer também não é algo que parte de nós, mas nos é dada por Deus com a nossa nova natureza. Veja o que diz Jerry Bridges:

 

“A verdade é que decidimos, de fato, confiar em Cristo, mas a razão pela qual tomamos essa decisão é porque Deus havia, em primeiro lugar, nos tornado espiritualmente vivos. Isso faz parte das Boas-Novas. Deus vem a nós quando estamos espiritualmente mortos, quando nem sequer percebemos a nossa condição, e nos dá a capacidade espiritual de ver a nossa situação e de ver em Cristo a solução.”²

 

O que a salvação nos garante?

 

Quando cremos na obra do Senhor Jesus Cristo em nosso favor nos tornamos unidos a Ele. O aspecto legal dessa união, onde é manifestada a justiça de Deus, é que Cristo se torna o nosso representante, de forma que todos que creem nEle são considerados justos diante de Deus (Romanos 5.19). Temos então paz com Deus e a certeza de que fazemos parte da família de Deus, garantidos pela obra de Cristo creditada a nós. Nos tornamos filhos de Deus por adoção (Gálatas 4.5; Romanos 8.15) e temos a garantia da vida eterna (João 3.16. Romanos 8.28–39).

 

Como a salvação é vista em nossas vidas?

 

Fomos libertos da escravidão do pecado para servirmos ao Deus vivo (Romanos 6.11,13,22). Fomos comprados pelo precioso sangue de Jesus (1 Pedro 1.18 e 19). Por causa da obra de Jesus somos habitados pelo Espírito Santo que nos capacita a viver uma vida santa (Efésios 2.22; 1 Coríntios 6.19). Essa ação do Espírito Santo em nossos corações corresponde ao aspecto vital da nossa união com Cristo. É um processo de santificação progressiva.

 

Da mesma forma que a salvação é uma obra realizada pelo poder de Deus, dependemos da graça de Deus para vivermos uma vida de piedade (Filipenses 2.13). A Bíblia utiliza algumas metáforas para explicar essa ação sobrenatural do poder de Deus. No livro de Gálatas temos a descrição do fruto de Espírito que é evidente naqueles que andam no Espírito.

 

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,

fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.”

(Gálatas 5.22 e 23)

 

É necessário ser habitado pelo Espírito Santo para que essas virtudes possam brotar nos nossos corações, pois são características inerentes a Ele. Não podem ser produzidas pela nossa natureza pecaminosa (Mateus 7.16–18).

 

Em resposta ao sacrifício de Cristo por nós, somos movidos a obedecer a Deus por gratidão e amor a Ele (Romanos 12.1 e 2; Efésios 4.17–32). Essa nova vida de obediência não é marcada pela perfeição, pois só estaremos totalmente aperfeiçoados quando estivermos com o Senhor Jesus Cristo. Porém, nos tornamos mais sensíveis ao nosso pecado. Assim a Lei de Deus nos conduz a Cristo, à medida que revela o pecado no nosso coração e nos leva à dependência do Senhor (Hebreus 4.12–16).

 

Editorial de Sérgio Farias

¹Sproul, R. C., Somos Todos Teólogos: Uma Introdução à Teologia Sistemática, São José dos Campos: Editora Fiel, 2017, p. 153, p. 159, p. 161. 

²Bridges, Jerry, O Evangelho Para a Vida Real: Voltando-se para o Poder Libertador da Cruz Dia após Dia, São José dos Campos: Editora Fiel, 2015, p. 27, p. 116, p. 120.

*Vide "O QUE CREMOS”:  https://www.ibmaranata.org.br/sobrenos

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