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Alicerces da Nossa Fé — O Batismo Bíblico: Identificação com Cristo e Sua Igreja

Você já parou para pensar em por que fazemos o que fazemos dentro da igreja? Ou em como foi definida a maneira específica que fazemos o que quer que seja? Existem algumas coisas dentro da igreja que não são necessariamente regidas por princípios específicos — você não vai encontrar nenhuma ordenança sobre qual tipo de assento uma igreja deve ter, ou sobre cores específicas para nossas cortinas, por exemplo. Mas muitos cristãos também olham para as divergências sobre o batismo (e outros pontos-chave como ceia, louvor e pregação) como questões de preferência. Em certo sentido, a forma de batismo é normalmente encarada como uma questão “menor”, em que cristãos de diferentes denominações podem discordar e ainda se chamarem de irmãos em Cristo. Mas ao mesmo tempo, a história nos mostra que cristãos fiéis já foram perseguidos e estavam dispostos a morrer por defender uma forma específica de batismo que era contrária àquela definida pela igreja estatal.

 

Neste editorial vamos entender um pouco mais sobre o que a Bíblia diz sobre o batismo. Vamos primeiro entender o seu significado, que nos ajudará a entender quem deve ser batizado e como o batismo deve ser feito. Depois veremos a importância dessa ordenança na vida da igreja (especialmente na igreja primitiva) e como o batismo aponta para a nossa restauração final. Mas antes de entrarmos nesse tópico sensível, é importante ressaltar que o nosso objetivo aqui não é simplesmente impor uma visão de batismo particular de uma igreja, ou de dar argumentos a favor ou contra visões específicas. Ao contrário, queremos reconhecer a grandeza da graça de Deus em nos dar um símbolo tão claro da obra de Cristo por nós (e em nós), e nos empenhar em reproduzir esse ato de maneira fiel ao Novo Testamento.

 

O batismo como um símbolo

 

A palavra batismo (como utilizada na Bíblia) vem do termo grego que significa mergulhar ou imergir; essa definição também é consistente com os relatos de batismos que vemos no livro de Atos, e mesmo no início dos Evangelhos, quando somos apresentados ao batismo de João Batista (Mateus 3.4–12 ou Marcos 1.4–11). Pessoas vinham até João Batista, atraídas por sua pregação, e eram batizadas para arrependimento, cujo formato era muito semelhante a diversos rituais de purificação do Antigo Testamento (Levítico 15.13). O batismo de João Batista era um sinal externo de uma realidade interna: ele apontava para uma mudança de disposição do coração, que agora rejeitava o pecado e se dispunha a seguir ao Senhor.

 

O batismo cristão, administrado a todo crente no início da sua jornada com Cristo, segue o mesmo formato, mas se aprofunda em seu significado. O apóstolo Paulo detalha o significado do batismo tanto em Colossenses 2.12 quanto em Romanos 6.3 e 4:

 

“Ou vocês não sabem que todos os que fomos batizados em

Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?

Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que,

como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,

assim também vivamos uma vida nova.”

(Romanos 6.3 e 4)

 

Assim, o batismo cristão também é uma imagem, um símbolo de uma realidade espiritual. A água é muitas vezes mencionada no Antigo Testamento como sinal de morte e condenação (Gênesis 7.6–24; Êxodo 14.26–29; Jonas 1.7–16), e aqui o sentido é semelhante: o mergulho do crente na água se assemelha à sua morte e sepultamento. O batismo também nos lembra que a nossa condenação caiu sobre Jesus em Sua morte na cruz, o sacrifício perfeito que nos limpa do pecado. Semelhantemente, ao sair da água, o crente se identifica com a ressurreição de Cristo, apontando para uma vida nova, livre do poder do pecado. O batismo, quando praticado nos moldes do Novo Testamento, nos provê uma profunda identificação com Cristo, e aponta para a vida nova que temos nEle.

 

O batismo como uma ordenança

 

O batismo é, então, um símbolo precioso para todo cristão, representando uma realidade espiritual profunda e nos identificando com o nosso Salvador. Não nos surpreende então ver o batismo como uma das partes essenciais da Grande Comissão:

 

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações,

batizando‑os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,

ensinando‑os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês.

E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”

( Mateus 28.19 e 20)

 

Nesse texto vemos que batizar é uma ordenança, e faz parte do processo de fazer discípulos. O batismo deve ser o primeiro passo de todo cristão após crer em Cristo, o que é também um padrão visto no livro de Atos. Ecoando as palavras de Jesus em Atos 1.8, os discípulos saíram a pregar não só em Jerusalém, mas em toda a Judeia, Samaria e outras nações e até os confins da terra. Seguindo a Grande Comissão, sempre que havia conversão pelo Espírito Santo, havia a celebração do batismo. Isso aconteceu tanto na Judeia (Atos 2.41), Samaria (Atos 8.12) e confins da terra (representado pelo centurião Cornélio em Atos 10.44–48). Esse padrão nos mostra que crer antecede o batismo; este marca o início da nossa vida com Cristo.

 

Como o batismo é um dos primeiros passos da vida cristã e de submissão à Palavra de Deus, ele também marca a nossa inclusão no corpo de Cristo, a igreja. A igreja é uma comunidade de discípulos que são marcados exatamente pela regeneração interna simbolizada pelo batismo. O batismo funciona então como uma identificação, uma expressão de que o novo crente é também parte da comunidade redimida pelo sangue de Cristo. Assim como Cristo foi batizado por João Batista no rio Jordão como um rei se identificando com seus súditos (que passaram pelo mesmo tipo de batismo), em nosso batismo nós também nos identificamos com a igreja e com o nosso Rei.

 

O batismo como uma esperança 

 

O batismo é um presente do Senhor na vida do crente, que fortalece e encoraja a nossa fé. Essa ordenança nos mostra uma realidade: a de que fomos regenerados espiritualmente. Não estamos mais mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2.1), mas sim vivos em Cristo:

 

“Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos assentou nas regiões celestiais

em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras por vir, a incomparável riqueza da sua graça, demonstrada na sua bondade para conosco em Cristo Jesus.”

(Efésios 2.6 e 7)

 

Dessa forma, o batismo também aponta para uma realidade futura, quando Cristo voltará e instaurará de maneira física e visível seu Reino. Ele aponta para uma ressurreição física, em que nossos corpos serão como o de Cristo, não mais sujeitos aos efeitos do pecado. Então todo o universo verá a riqueza da graça de Deus, que salva pecadores como eu e você e nos traz para a Sua família. Bendita esperança!

 

Editorial de Petrônio Nogueira 

Para entender mais veja:

“Manual de Doutrinas Cristãs: uma Introdução aos Princípios da fé Cristã”, Wayne Grudem (Editora Vida).

*Vide "O QUE CREMOS”:  https://www.ibmaranata.org.br/sobrenos

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