Não seria incomum nos depararmos com respostas muito semelhantes se perguntássemos para qualquer pessoa sobre a impressão que tiveram do ano de 2016. Uma ou outra poderia até acrescentar algo positivo, mas a maioria esmagadora diria que foi um ano de muito sofrimento e dificuldades, motivado, principalmente, pela corrupção e instabilidade política: duas vergonhas nacionais que deflagraram uma crise geral com índices assustadores de desemprego, recessão, precariedade humilhante na saúde, aumento vertiginoso da violência e criminalidade, déficit habitacional que deram origem a mais e mais favelas e cortiços, enfim, um ano de verdadeiro caos para toda sociedade brasileira.
No entanto, sabemos que agora, acreditando no poder mágico da chegada de mais um novo ano, o ânimo das pessoas também se renovará na expectativa de uma vida nova, onde muitos darão adeus ao ano velho na certeza de que dias melhores virão, com um governo mais justo e uma economia mais estável que possibilitarão uma melhor qualidade de vida para todos.
E, por isso, será comum ouvirmos votos formais de um ano novo repleto de realizações, prosperidade, saúde, felicidades, paz e, principalmente, dinheiro no bolso.
Embora esse otimismo seja estimulante para muitos, ele retrata apenas uma triste realidade que reflete uma falsa, irreal, enganadora e fugaz esperança de vida nova, porque tudo o que este mundo oferece é insuficiente e incapaz de gerar a legítima transformação.
Vida Nova só é possível por uma ação sobrenatural de Deus que, através da Sua Palavra e do poder do Espírito Santo, atrai irresistivelmente os eleitos a Cristo. Essa ação transformadora já havia sido anunciada muitos séculos antes pelo profeta Ezequiel:
“Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados” (Ezequiel 36.25), “Porei dentro de vós o meu Espírito” (Ezequiel 36.27) e se consumou num madeiro maldito com as palavras de um inocente injustamente humilhado e castigado: “Pai em tuas mãos, entrego o meu espírito” (Lucas 23.46).
O final dessa paixão foi morte que produziu vida, um novo nascimento que, nas palavras do pastor e professor Joel R. Beeke¹, enfatiza essa verdadeira mudança como “uma passagem da morte para a vida (João 5.24), um trazer por parte do Pai (João 6.44), uma introdução no rebanho (João 10.16), um abrir do coração (Atos 16.14), uma chamada segundo o propósito de Deus (Romanos 8.28), uma iluminação dos olhos (Efésios 1.18), uma ressurreição espiritual (Efésios 1.19-20), uma vivificação dentre os mortos (Colossenses 2.13), uma regeneração (Tito 3.5), uma vocação celestial (Hebreus 3.1) e um chamar das trevas para a maravilhosa luz de Deus (1 Pedro 2.9)”.
A Graça de Deus é a provisão divina na pessoa e obra de Jesus Cristo e somente ela é capaz de atrair, regenerar, justificar, santificar, preservar e, com isso, promover vida nova.
Todos nós, como verdadeiros discípulos de Jesus, compreendemos que a esperança que vem do Senhor não depende de outras pessoas, de bens materiais ou de circunstâncias, nem, tampouco, representa um mero desejo de que algo aconteça. A esperança bíblica é uma aplicação da nossa própria fé cristã que nos imprime uma certeza palpável e confiante no cumprimento das promessas que Deus faz. E essa é uma realidade que o cristão deve viver todos os dias, dando prova de que o início de qualquer novo ano, ou novo mês, semana ou dia não lhe significa nada mais do que oportunidades de testemunhar a sua própria transformação de vida e revelar a todos a real e verdadeira certeza de que “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5.17).
Não está errado desejarmos Feliz Ano Novo da forma como todas as pessoas desejam, mas está biblicamente incoerente. Deseje, então, “FELIZ ANO NOVO NA PRESENÇA DE JESUS” e aproveite para proclamar as Boas Novas do Evangelho, porque mais do que vida nova, você estará anunciando vida eterna.
Amém! Aleluia!
Editorial de Walter Feliciano
¹Beeke, J.R. “Vivendo para a Glória de Deus” (pág. 125).
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