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Biblicamente — Dúvida

Sorvete de chocolate ou de morango? Talvez para você pareça uma dúvida simples ou até banal. Dúvida é algo que em certo ponto alguns lidam até que bem, mas muitas pessoas lutam arduamente contra isso. Todos passamos por momentos de dúvidas que vão desde uma escolha simples até uma que mudará drasticamente nossas vidas.

 

O que é

 

Ter dúvidas é um sentimento natural e humano que consiste em não ter certeza sobre algo ou falta de confiança. É como ter uma pergunta sem resposta clara em nossa mente. Essa incerteza pode surgir em relação a diversas áreas da vida, como conhecimento, relacionamentos e em decisões. A incerteza, a complexidade da vida, pressão social, medo do fracasso e muitas outras coisas são grandes fomentadores de insegurança em nossa sociedade. Sob uma perspectiva humanista e filosófica, a dúvida pode ser interpretada de diferentes maneiras, dependendo da corrente de pensamento. Para algumas correntes, ela representa uma força paralisante, capaz de gerar hesitação e incerteza. Em outras, como no ceticismo, a dúvida é vista como uma ferramenta essencial para a busca do conhecimento e da verdade. A dúvida não se limita apenas às questões cotidianas ou decisões triviais; ela também pode impactar nossas crenças e fé. Desde Adão e Eva, a Bíblia alerta para os riscos de um coração com dúvida, principalmente quando se refere a Deus.

 

Começa no começo

 

Em Gênesis 3 temos o diálogo sobre a árvore do Bem e do Mal, entre a serpente (Satanás - Apocalipse 20.2) e Eva. Temos ali a primeira expressão de um coração em dúvida, potencializado por Satanás. Eva teve sua mente sutilmente carregada com incertezas sobre o caráter de Deus e suas ordens. Ela passa a questionar se aquilo que Deus havia dito era realmente a verdade e se havia algo de valioso que estava sendo retido. O texto bíblico revela que, a partir dessa dúvida, Eva "viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento" (Gênesis 3.6).

 

Em um nível mais profundo, a dúvida no Éden não foi apenas sobre a verdade ou a mentira, mas sobre o fundamento da fé. A serpente não forçou Adão e Eva a comerem do fruto proibido, ela os fez duvidar da suficiência de Deus e de Sua bondade, e eles deliberadamente comeram do fruto. A incerteza criada por esta conversa mostra como nosso inimigo usa esta “ferramenta” poderosa conosco ainda hoje sobre o que pensamos sobre Deus e sua Palavra.

 

Pluralismo de ideias


Vivemos em uma era marcada por uma diversidade de crenças onde quase todas as formas de pensar são amplamente aceitas, sendo que o cristianismo é aceito com ressalvas. Crer no Deus Criador e em Jesus Cristo, o Salvador, muitas vezes faz com que os cristãos sejam vistos como antiquados, obscurantistas, machistas ou intolerantes. Embora não seja minha intenção transformar esse texto em algo político, é notório que uma das correntes de pensamento que mais ataca o cristianismo nos dias de hoje é o progressismo. Essa filosofia atrai muitos, especialmente os jovens, oferecendo uma liberdade sexual e moral, um apelo forte à justiça social, a promoção da autonomia pessoal e a relativização das crenças religiosas.

 

O pensamento progressista, em muitos aspectos, resgata a mesma argumentação usada por Satanás no relato de Gênesis 3. Essa tentação de autonomia, de se colocar no centro da própria vida e de ser o próprio árbitro da moralidade, é refletida na cultura atual, onde o foco está no eu — meus desejos, minhas decisões, minhas verdades. Para muitos, essa filosofia pode parecer libertadora, mas, à luz das Escrituras, ela se assemelha à mesma armadilha espiritual apresentada no Éden: a falsa promessa de liberdade, que na verdade leva à separação de Deus e à escravidão ao pecado.

 

Vencendo a dúvida

 

A solução para a dúvida é a fé, que, conforme Romanos 10.17, vem através de ouvir a Palavra de Deus: “Assim a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”. Hebreus 11 define a fé como “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem”. A fé é baseada não na perspectiva humana sobre quem Deus é, mas no caráter imutável e soberano do Senhor revelado em sua Palavra.

 

Tomé no texto de João 20.26–29, conhecido por sua incredulidade, somente creu após ver e tocar em Jesus. Jesus o repreendeu por sua falta de fé, afirmando: “Bem-aventurados os que não viram e creram”. Este relato demonstra que a verdadeira fé não depende de evidências físicas, mas da confiança na Palavra de Deus.

 

Tiago nos adverte sobre os perigos da dúvida. Ele nos exorta para que, ao pedirmos sabedoria, devemos fazê-lo com confiança, pois “quem duvida é como uma onda do mar, agitada e levada de um lado para o outro pelo vento” (Tiago 1.6–8). A dúvida pode abrir espaço para enganos e influência do inimigo, mostrando uma falta de estabilidade na fé. A inconstância na fé revela uma base frágil e falta de confiança no Senhor.

 

Portanto, ter dúvidas é algo inerente à nossa realidade de pecadores.  Porém, a forma como vamos lidar com elas faz toda a diferença para caminharmos na fé com o Senhor.

 

Para reflexão

 

  1. Como a dúvida impacta a minha fé pessoal e meu relacionamento com Deus?


  2. De que maneira a oração pode ajudar a resolver as minhas dúvidas espirituais?


  3. Como posso aplicar os ensinamentos de Tiago 1.6 em minha vida diária para lidar melhor com a dúvida?


  4. Quais são as promessas de Deus na Bíblia que mais me ajudam a enfrentar e superar minhas dúvidas?


  5. Quais são os exemplos bíblicos de pessoas que enfrentaram dúvidas e como encontraram respostas e conforto em Deus?


  6. Como posso usar as dúvidas como uma oportunidade para crescer espiritualmente e aprofundar meu relacionamento com Deus?


  7. O que a Bíblia ensina sobre a relação entre dúvida e pecado, e como posso evitar que minhas dúvidas me afastem de Deus?

 

Editorial de William Rubial


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