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Chamados para morrer

A Bíblia é a palavra de Deus, eterna, inerrante e suficiente, e é impressionante alguns paradoxos que encontramos nela, como: “quando somos fracos, então é que somos fortes”, “somos exaltados quando nos humilhamos”, “os últimos serão os primeiros”, “temos que MORRER para receber a VIDA”, entre outros, e é nesse último exemplo que quero levar o querido leitor a meditar comigo.


Tomando por base o texto de Mateus 16.25, “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.”, vamos acompanhar a história dos irmãos João e Tiago e tirar algumas conclusões.


João e Tiago, filhos de Zebedeu, foram chamados por Jesus para segui-Lo, os quais, prontamente, abandonaram tudo: a seu pai e a sua profissão (Mateus 4.22). Pouco tempo depois eles viriam a se tornar apóstolos do Senhor Jesus Cristo e seriam instrumentos significativos para a propagação do evangelho no início da igreja. O chamado deles aconteceu após o evento conhecido como “pesca maravilhosa”, onde Jesus ensinava as multidões assentado no barco de Simão Pedro, que voltara de uma madrugada frustrada, onde não pescaram nada a noite toda. Eles lavavam as redes enquanto Jesus ensinava, terminando os ensinamentos, disse Jesus a eles que jogassem a rede ao mar novamente, e Pedro respondeu dizendo: “Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, MAS SOB TUA PALAVRA lançarei as redes.” (Lucas 5.5), e pegaram tanto peixe que as redes se romperam e tiveram que pedir ajuda aos companheiros. E daquele dia em diante eles tornaram-se pescadores de homens.


Ao ler os relatos nos evangelhos vemos que Tiago e João, juntamente com Simão Pedro, eram amigos íntimos do Senhor Jesus, os três participaram de alguns eventos com o Senhor em que os demais discípulos não participaram, como na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração e no Getsêmani, quando Ele estava triste e angustiado pouco antes de ser entregue para morrer.


Houve também um pedido inusitado da parte de Tiago e João: “Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. E Ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? Disseram-lhe: PODEMOS. Tornou-lhes Jesus: BEBEREIS o cálice que eu bebo E RECEBEREIS o batismo com que eu sou batizado; quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado.” (Marcos 10.35-40) O cálice se referia à ira de Deus e à forma com que Cristo haveria de morrer, e Jesus afirmou que eles beberiam o cálice, ou seja, também morreriam pelo evangelho.


Eles acompanharam todo o ministério de Jesus, viram seus milagres, seus ensinos, tiveram comunhão com Ele, presenciaram também Sua morte e ressurreição. Eles estiveram com Jesus também após Sua ressurreição, juntamente com os outros apóstolos e discípulos, e pouco antes da ascensão de Jesus aos céus, receberam a seguinte promessa: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.8)


Alguns dias depois, estavam reunidos em Jerusalém e receberam o Espírito Santo, inaugurando assim a igreja, conforme predito pelo Senhor, com aproximadamente três mil convertidos na primeira pregação.


Pela lógica qual seria o próximo passo? “Vamos botar pra quebrar!!!” Mas, em uma das primeiras perseguições da igreja, Tiago é passado ao fio da espada por Herodes (Atos 12.2), Tiago foi o primeiro apóstolo a ser martirizado e seu irmão João o último apóstolo a morrer, quase 50 anos depois.


Aos olhos do mundo, os apóstolos tinham motivos para desanimar. Pedro foi preso no mesmo dia em que Tiago morreu, e seria morto poucos dias depois, mas Deus o livrou da prisão. Alguns poderiam dizer: Passaram por tudo isso e Deus não poderia livrá-los da morte? Ou livrá-los do sofrimento? Das cadeias? Mas não foi isso o que aconteceu, eles estavam sintonizados com o Senhor e abdicaram de suas vidas em favor da Mensagem da Cruz. Pedro ainda preso, estava dormindo em cadeias e com guardas em sua volta quando o Anjo do Senhor o libertou. Pedro posteriormente chegaria à conclusão de que através de suas cadeias o evangelho se tornou conhecido no império: “de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais.” (Filipenses 1.13)


Se desconsiderarmos a soberania de Deus, podemos incorrer em incredulidade quando passarmos por lutas, provações, doenças ou sofrimentos, tirando o foco do Senhor e colocando sobre nós mesmos. O Senhor é suficiente e nos traz paz em meio às provações. De fato, os apóstolos “botaram para quebrar” SIM, mesmo que sofrimentos e perseguições viessem sobre eles. Esses homens de Deus mudaram o mundo de sua época. Os apóstolos foram chamados para morrer, morreram para si mesmos, dia após dia, para que Cristo fosse manifesto no mundo através de suas vidas.


E você, já foi chamado pelo Senhor? Já foi CHAMADO PARA MORRER?

Meu convite para você hoje é MORRA!!!


Morra para si mesmo, morra para seu pecado, não deixe o “velho homem” governar suas prioridades e decisões. Busque o reino de Deus, sirva em sua igreja, grupo pequeno, morra para seu conforto e seja um melhor pai ou mãe, filho(a), cônjuge, amigo(a), funcionário(a), chefe, etc. Morra para o mundo, morra para objetivos seculares, que não o reino de Deus. Morra para tudo aquilo que te afasta de Deus, aí sim você desfrutará da verdadeira vida prometida pelo Senhor. E se sua vida estiver em jogo por causa do reino, morra! Glorifique a Deus, mesmo que sua vida seja o preço a pagar.


Para concluir, faço minha as palavras do apóstolo Paulo: “... logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gálatas 2.20)


Editorial de Dimas Rodrigo



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