O carnaval que vemos na televisão e na internet reflete, de forma clara e preocupante, o tipo de sociedade em que vivemos - sem princípios ou padrões, buscando o prazer de todas as formas possíveis. Muitas vezes criticamos as pessoas que se entregam à impureza e à dissolução de forma escancarada, que procuram no mundo a fonte dos seus prazeres. De fato, essas pessoas estão longe de Deus, e muito longe. Mas precisamos tomar cuidado ao focar nos “grandes pecados” que essas pessoas cometem e deixarmos de olhar para o nosso coração que também está cheio de pecados “aceitáveis” na nossa sociedade, inclusive na comunidade cristã.
As músicas que ouvimos, as séries e filmes que assistimos, a forma como falamos… Todas essas coisas são maneiras pelas quais Deus quer que O glorifiquemos. Nada do que fazemos é neutro; ou irá contribuir para o nosso crescimento, ou irá contribuir para a nossa queda. Nosso alvo precisa ser crescer a semelhança de Cristo, mostrando inclusive através do que ouvimos e vemos que Jesus nos salvou e que Ele reina (Efésios 5.1; 2 Pedro 1.3-10).
Entendendo o padrão de Deus
“Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus.” (Levítico 20.7)
“Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos.” (Efésios 5.3)
O padrão de Deus é muito alto - “nem sequer se nomeie”. Não existem pecados aceitáveis. Todo e qualquer pecado é passível de morte (Romanos 6.23a). Não podemos criar um padrão diferente do que o padrão que Deus estabeleceu. Deus é completamente santo, e qualquer pecado que cometemos, por menor que nos pareça, nos afasta de Deus (Isaías 59.2) e é uma ofensa direta à santidade dEle. Deus nos quer por inteiro, não existe espaço para dois senhores (Mateus 6.24a; Lucas 16.13a). Se estamos amando o mundo, o que ele diz, as imagens que ele nos mostra, não estamos amando a Deus, e não estamos vivendo a vida de santidade que Ele nos chama a viver.
Olhando para o nosso mundanismo
Nós não nos envolvemos em “pecados escandalosos” como vemos no carnaval, mas nos envolvemos facilmente com pecados “sutis”. Por exemplo, o padrão de músicas/filmes/séries que vemos e ouvimos. O que ouvimos e vemos é mais perigoso do que nós pensamos, porque é capaz de endurecer o nosso coração de forma sutil e enfraquecer a nossa fé (Lucas 8.14). Músicas com letras mundanas podem nos levar a amar coisas que normalmente não amaríamos. É imaturidade da nossa parte ouvirmos músicas cujas letras podem tornar nossa consciência indiferente e fazer com que nos gloriemos em desejos pecaminosos ao invés de nos gloriarmos na cruz de Cristo. Da mesma forma com séries e filmes. É imaturidade da nossa parte assistir filmes e séries com conteúdo violento e sensual que podem nos fazer perder os conceitos de família que Deus nos deu, onde o amor ao próximo e o serviço são coisas inexistentes e ridicularizadas. Fazer qualquer coisa sem discernimento revela um coração que quer brincar com o mundo, uma ideia completamente contrária ao que Deus espera de nós. É impressionante como deixamos “práticas” e ideias entrarem em nossa casa através de músicas e séries, que jamais deixaríamos entrar de outra forma. Outro parâmetro que podemos usar é que jamais assistiríamos determinadas séries ou ouviríamos determinadas músicas se Cristo estivesse sentado conosco no sofá de casa.
Sem perceber, nós estamos brincando com o pecado, como se o sacrifício de Cristo na cruz fosse muito pequeno e sem necessidade. Devemos tratar o pecado da mesma forma como Deus trata. A pergunta não é “até onde eu posso ir sem me afastar de Deus?”, e sim “o que eu posso fazer para me aproximar cada vez mais de Deus?”. Se realmente nos preocupamos com o efeito sedutor que coisas mundanas podem ter sobre a nossa alma, não vamos permanecer à beira do pecado, não vamos nos tentar com músicas/séries/filmes que contém obscenidade, sensualidade, rebeldia ou qualquer tipo de comportamento mundano; vamos desejar permanecer o mais longe possível das práticas pecaminosas do mundo (Efésios 4.17). O tipo de música que ouvimos e filmes/séries que assistimos comunica nossas ideias, mesmo que de forma sutil. Precisamos ser sinceros e analisarmos o que temos ouvido e assistido, e como isso tem demonstrado pensamentos e atitudes mundanas ao invés de mostrar o caráter de Cristo.
O sacrifício de Cristo redime nossos gostos
Nada, por mais legal e divertido que seja, pode ser comparado à beleza do nosso Salvador. Cristo morreu para que todos os nossos gostos fossem redimidos, e isso inclui o tipo de música que gostamos e ouvimos e o tipo de filmes/séries que gostamos e assistimos. Não devemos esperar que nossos gostos mudem de uma hora para outra, nem que será um processo fácil, mas Cristo nos comprou para sermos santos e para mostrarmos a imagem do Pai em tudo o que fizermos. Se buscarmos isso com todo o nosso coração e com toda a nossa força, podemos ter a certeza de que Ele irá moldar em nós o caráter de Jesus.
“Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1.14–16)
“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4.8)
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” (Gálatas 6.14)
Algumas perguntas para pensarmos e sondarmos os nossos corações com relação a tudo isso:
O que me leva a gostar de um determinado tipo de música/série/filme?
O que eu ouço e assisto diz o que a respeito do meu relacionamento com Deus?
As músicas que costumo ouvir e os filmes/séries que assisto fazem com que o meu amor por Cristo aumente ou diminua?
Levam-me a valorizar uma perspectiva eterna ou a adotar a mentalidade mundana?
Eles levam nossos irmãos ao crescimento ou contribuem para que eles sejam tentados?
As minhas escolhas são compatíveis com o Evangelho que me salvou?
Editorial de Gustavo Henrique Santos
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