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Gratos Pelas Imperfeições

Sermos gratos pelas imperfeições parece algo sem sentido, para não dizer ofensivo. Mas o Evangelho nos educa a enxergar tudo de uma forma diferente, inclusive nossas imperfeições. Como filhos de Deus, vivemos dentro de uma moldura de graça, que ensina, repreende, corrige e educa dentro dos propósitos transformadores de Deus (2 Timóteo 3.16). As imperfeições refletem nossa condição humana e as oportunidades para conhecermos mais de Jesus em nossa jornada de vida eterna (João 17.3).


Imperfeições de vários tipos


Eu acredito que você tenha histórias para contar sobre suas experiências imperfeitas ou como as imperfeições de outras pessoas lhe afetaram nesse mundo imperfeito. Essas histórias refletem que as imperfeições não são todas do mesmo tipo nem têm as mesmas consequências. Imperfeições se manifestam de várias e diversas maneiras.

Algumas coisas que chamamos de imperfeições são, na verdade, decisões ruins e longe da vontade de Deus, ou seja, são pecados. Precisamos reconhecer que, às vezes, empregamos o termo “imperfeição” na tentativa de amenizarmos nosso pecado. Afinal, “errar é humano”! Mas, mudar o nome de algo não muda sua realidade. Pecado é pecado; e pecado é sério. Nossa tentativa em esconder aquilo que não pode ser encoberto por nós mesmos não nos traz esperança. Mudança para um aperfeiçoamento real começa confessando e deixando nossos pecados (Provérbios 28.13; 1 João 1.9). Jesus já pagou o preço por nossos pecados e garantiu reconciliação com Deus (2 Coríntios 5.18–20; 1 Pedro 3.18). Se a imperfeição que lhe aflige é pecado ou resultado dele; confesse, abandone e descanse no perdão perfeito de Deus.


Imperfeições também podem ser percebidas na inadequação de um padrão que queremos atingir. Nesse caso, as imperfeições são resultado de julgamentos pessoais do quanto falta para alcançarmos um padrão desejado ou uma imagem que queremos preservar. Viver na busca por um padrão irreal ou pela preservação de uma imagem são formas de viver bem cansativas! Se sua alegria depende da avaliação favorável de outras pessoas, seu ânimo oscilará na mesma velocidade que a opinião inconstante das pessoas ao seu redor. Sua identidade e a percepção de quem você é não podem ser construídas em cima de julgamentos humanos, mas na obra de Jesus. Você não é o que as pessoas pensam de você, mas resultado da obra de Jesus em seu favor (Efésios 1.3–14; 2.1–10). Por isso, o testemunho da Palavra de Deus sobre quem somos é a verdade que somos chamados a crer.


Dentro de tantas experiências de imperfeições, acredito que podemos resumir as imperfeições às experiências que estão fora da conformidade de um padrão de perfeição. Por isso, ter uma visão bíblica de tudo é o ponto de partida necessário para sairmos do lamento sobre as nossas imperfeições, para a gratidão por elas.


A certeza da perfeição certa


Em Filipenses 3.12, o apóstolo Paulo reconhece não ter “obtido a perfeição”, ele confessa que ainda não é quem deveria ser. Justamente por isso, ele seguia buscando a perfeição que já foi conquistada por Jesus Cristo. Ou seja, embora ainda sejamos imperfeitos, existe uma perfeição já conquistada por Jesus. Lutar por essa perfeição é justamente a atitude de fé que expressa essa realidade futura garantida no presente, é o próprio processo de santificação.


E nesse ponto, deve ficar claro que a natureza da perfeição (e a luta contra a imperfeição) é calibrada pela obra perfeita de Jesus. Não se trata de uma vida sem desconfortos ou de uma nova roupagem para o problema do pecado, mas o exercício de uma vida santa com os olhos no padrão correto: o Evangelho.


Imperfeição que gera perfeição


Nessa jornada de crescimento rumo à perfeição, Deus administra provações para nosso aperfeiçoamento. Em 2 Coríntios 12.7, Paulo não tem dúvida sobre o propósito do “espinho na carne”: produzir humildade em seu coração. Em algum momento de seu ministério, Paulo foi abençoado com revelações grandiosas acerca das coisas do Senhor. A tentação comum numa situação assim é a soberba. A resposta divina foi de abençoá-lo com algo desconfortável. O desconforto foi suficiente para levar o apóstolo a pedir a remoção do espinho (2 Coríntios 12.8). Mas a resposta divina foi: “a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9). Paulo recebe o “não” divino com a certeza de que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (causada pela imperfeição). Assim, Paulo sente prazer na fraqueza por amor a Cristo, reconhecendo que quando é fraco é que é forte (2 Coríntios 12.10).


Da murmuração à gratidão


O desconforto resultado de nossas respostas às imperfeições nos tenta à murmuração. Reclamamos porque não temos o que queremos, e são justamente as imperfeições incômodas que nos separam de nossos alvos e desejos. Mas existe um desejo diferente, maior e melhor: viver para quem morreu por nós (2 Coríntios 5.15). O Evangelho nos dá um objetivo diferente de vida e a certeza de que Deus usa tudo para o nosso bem no cumprimento de Seus propósitos em nós: sermos mais parecidos com Jesus (Romanos 8.28 e 29). É nesse ponto que saímos da murmuração para a gratidão.


Não se trata de agradecer o “desconforto”, mas reconhecer que Deus prometeu a perfeição em Jesus. Ele garante que este processo culmina com Cristo perfeitamente formado em nós (Gálatas 4.19; Filipenses 1.6; Colossenses 1.28). Assim, a gratidão estará vinculada à pessoa de Jesus e à certeza de que Ele está trabalhando para o nosso bem! Sua imperfeição é pecaminosa? Temos perfeito perdão em Jesus, vá até Ele! Sua imperfeição incômoda é resultado da percepção de que você não é quem gostaria de ser? Temos uma visão correta de quem somos em Jesus, vá até Ele! Seja qual for a imperfeição, ela aponta para a necessidade que temos de Jesus. Vá até Ele! Seremos gratos às imperfeições porque o Senhor as usa para O conhecermos mais, e isso é o bem maior e melhor.


Editorial do Pr. Alexandre “Sacha” Mendes







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