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Marcos: Jesus, o Servo Sofredor

Toda a história do mundo — e como nos encaixamos nessa história — é mais claramente compreendida através de um olhar direto e cuidadoso para a história de Jesus. Os Evangelhos nos contam essa história a partir de perspectivas diferentes, para cumprirem propósitos específicos diferentes. Embora todos os Evangelhos tragam o aspecto de serviço e discipulado, o Evangelho de Marcos retrata isso de uma maneira mais intensa.


Marcos quer que vejamos que a vinda de Jesus exige uma ação decisiva de nossa parte. Ele quer produzir em seus leitores um compromisso de fé com Jesus Cristo. Jesus é visto como um homem de ação, movendo-se rápida e decisivamente de evento para evento. Há relativamente pouco do ensino de Jesus no Evangelho de Marcos — na maior parte do relato, vemos Ele fazendo coisas, e não falando. Com isso, Marcos enfatiza a realidade de que não podemos permanecer neutros — precisamos responder ativamente.


Para desenvolver essa ênfase, Marcos traz pelo menos quatro temas especiais: (1) discipulado, (2) fé, (3) serviço e (4) Reino de Deus.


1. Discipulado (Marcos 1.16–20; 3.13, 14; 4.1–20; 8.14–26; 10.42–45, 52; 15.38, 39)

Embora o tema principal de todo Evangelho seja revelar a identidade e a missão de Jesus, o Evangelho de Marcos enfatiza muito o discipulado e seu custo. Assim como Deus chamou Israel para refletir Seu caráter, Ele agora está chamando discípulos para fazer o mesmo. Marcos mostra, através de seus relatos, como o discipulado é um relacionamento antes de ser uma tarefa. Marcos também deixa claro que Jesus chama Seus seguidores para imitá-lO em serviço humilde, abnegação e sofrimento, com a perspectiva de que o ganho implícito em segui-lO é maior que seu custo.


2. Fé (Marcos 1.40–42; 2.5; 3.31–35; 5.1–43; 7.24-30; 12.41–44; 14.3–9)

O Evangelho de Marcos também mostra como a fé não é uma fórmula mágica, mas depende de ouvir as palavras de Jesus e responder corretamente. Marcos enfatiza o espanto da multidão em relação às ações de Jesus, e mostra que espanto não é o mesmo que fé. A fé é muito mais que conhecimento sobre Jesus — é uma confiança ativa de que Ele é suficiente para nossas necessidades mais profundas. Fé significa confiar apesar de tudo; fé exige ação; a fé não conhece limites — nem mesmo um filho morto, como vemos na história de Jairo (Marcos 5.21–43).


3. Serviço (Marcos 8.34–38; 9.35–37; 10.35–45)

Além disso, vemos como Jesus estabelece um novo modelo de liderança — Ele lidera através do serviço. Comparando todos os Evangelhos, Marcos é quem mais destaca isso. Jesus é retratado como o Servo Sofredor de Isaías 53, que veio servir e sofrer em favor de Seus servos (Marcos 10.45). Por sermos discípulos e seguidores de Cristo, devemos imitá-lO no serviço, considerando os outros superiores a nós mesmos e ajudando-os a conhecerem a Jesus.


4. O Reino de Deus (Marcos 1.14, 15; 4.1–34; 10.13–27)

No início do Evangelho, Jesus resume as Boas Novas como a vinda do Reino. Embora esse tema seja proeminente no Evangelho de Mateus, sua importância no Evangelho de Marcos é vista pelo fato de o primeiro discurso explicativo de Jesus focar nesse tema (Marcos 4.1–34). Essa é uma seção fundamental em Marcos, se quisermos entender a natureza do ministério de Jesus e seus efeitos. Também vemos Jesus proclamando o Reino como presente e futuro — o Reino foi inaugurado pela vida, morte e ressurreição de Jesus, visto na realização de milagres e, principalmente, na cruz, mas também aguarda sua consumação no futuro, quando Cristo voltar para estabelecer definitivamente e completamente seu Reino.


Jesus, o Servo Sofredor e o Filho de Deus

Concluindo, ao longo da leitura do livro é perceptível como Marcos retrata Jesus como o Servo Sofredor e o Filho de Deus, que ministra ativamente em nosso favor e dá Sua vida como resgate para muitos. Marcos divide seu livro em duas seções: a identidade de Jesus (Marcos 1.1–8.26) e a missão de Jesus (Marcos 8.31–16.8). Entre as seções está a declaração de Pedro (Marcos 8.27–30), um grande ponto de virada no livro. Marcos entendeu que as pessoas só serão capazes de obedecer a Deus e cumprir sua missão depois de entenderem quem é Jesus.


Assim, Marcos registrou, de maneira dinâmica, eventos específicos da vida e ministério de Jesus para mostrar ao público que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, que serviu, sofreu, morreu e ressuscitou para criar uma nação de discípulos marcados pelo serviço. O Evangelho de Marcos é mais do que um livro sobre Jesus — é um livro sobre ter um encontro com Jesus e ser um discípulo dEle. O padrão do discipulado cristão é encontrado em Jesus, o Filho de Deus e o Servo Sofredor, cujo serviço autentica Sua mensagem e cuja vida é um sacrifício para toda a humanidade.


Editorial de Gustavo Santos


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