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Nomes de Deus: Jeová Nissi

Como já citado nos editoriais anteriores, há duas maneiras pelas quais Deus é revelado em sua Palavra: 1) Quando Ele se autonomeia; 2) Quando é nomeado por meros pecadores mortais ao se depararem com Sua glória. Temos aqui então um caso clássico da segunda maneira de como Deus era chamado.


O “mero pecador mortal” do texto foi Moisés, e o contexto narrado no capítulo 17 de Êxodo faz dele um participante ativo de um episódio onde Deus deu uma grande demonstração de força, poder e fidelidade durante uma guerra contra um forte exército inimigo.


Antes de chegar no versículo 15, quando efetivamente Moisés nomeia o lugar onde construiu o altar de Jeová Nissi, que significa “O Senhor é minha bandeira”, vamos relembrar o contexto deste episódio.


Moisés liderava o povo de Israel pelo deserto de Sim, na longa jornada rumo à Terra Prometida. Para possuir a terra que Deus havia prometido, o povo precisava combater e conquistar territórios através de guerras. Mas o povo também era composto de famílias, animais e pertences. Logo, também precisava se proteger de investidas dos adversários. Além disso, o povo, apesar de peregrino, tinha uma rotina, uma convivência interna. Então existia a necessidade de administrar relacionamentos, descontentamentos e muitas ameaças internas de tomada de poder. Ou seja, Moisés, como líder, tinha o peso da missão de conduzir o êxodo do povo de Deus para a Terra Prometida em seus ombros. Problemas internos e externos faziam parte da sua vida.


Em um dos diálogos com Deus, Moisés recebe a orientação de mandar Josué à frente do exército conduzindo-o à luta contra os amalequitas, enquanto ele próprio, Moisés, deveria se posicionar no alto da colina juntamente com Arão e Hur. Então, enquanto o povo guerreia, Moisés invoca o Senhor estendendo suas mãos para cima. Como numa gangorra, enquanto Moisés tinha forças nos braços para mantê-las para cima, o povo de Israel vencia, porém ao fraquejar e abaixar suas mãos, eram os amalequitas que venciam. Arão e Hur passam a dar suporte a Moisés, ajudando a manter suas mãos levantadas e assim garantir o triunfo israelita.


Deus, então, não só dá a vitória, como também garante que nunca mais o povo amalequita seria páreo para Israel. Diante desta vitória e promessa, Moisés exclama que aquele lugar passará a ser chamado de Jeová Nissi, o Senhor é minha bandeira.


Mas por que será que Moisés falou isso? Por que ele usou esta comparação com uma bandeira? Bandeira é um símbolo muito forte. O termo “carregar a bandeira” ou “fincar a bandeira” está ligado à conquista, demarcação, representação, resistência, entre outros. Mas gosto de pensar em bandeira como identificação.


Em meio ao caos de guerras (externas e internas, citado acima), Moisés, ao nomear aquele lugar de Jeová Nissi, quis identificar quem havia realmente vencido a batalha.


Isso é muito representativo. Quando olhamos para uma bandeira hasteada não precisamos saber quem a colocou, ou quão difícil foi para conquistar. Para nós, vai prevalecer o que aquela bandeira representa, qual é a sua identidade. Uma bandeira fala por si mesma, ela traz seu próprio significado e “manda sua própria mensagem” somente pelo fato de estar lá.


Hoje, nós também carregamos “bandeiras”. Lutamos e queremos fincá-las em territórios a qualquer custo. Embora isso não aconteça necessariamente em batalhas físicas, é nítido e óbvio que dividimos espaços e disputamos territórios em um mundo intelectual e até mesmo no mundo digital.


Mas...

  • Qual é a nossa “bandeira”?

  • Quando atacamos ou defendemos, estamos atacando ou defendendo o quê?

  • Quando vencemos um argumento, qual era o ponto?

  • Quando perdemos um argumento, qual era o ponto?

Nós cristãos nos perdemos no “pós-luta” porque estamos carregando a “bandeira” errada.


Quando o Senhor deixou de ser a Bandeira, os cristãos se inflamaram em assuntos periféricos e se esqueceram de quem é — ou deveria ser — o foco. Preferências políticas criaram rodas de hostilidades e ironias capazes de bloquear relacionamentos entre irmãos. As afinidades e ajuntamentos passaram a ser por interesses pessoais com propósito de satisfazer seus próprios gostos e desejos. As denominações evangélicas também colocaram seus rituais, liturgias, tradições e poder muito acima do próprio Senhor Deus, nosso Criador.


Vamos refletir:

  • A compreensão de quem Deus é e do que Ele fez por nós deve nos levar a uma mudança de prioridades. A “bandeira” que carregamos não é mais a nossa, mas a de Cristo e do seu Evangelho. Somos embaixadores em nome de Cristo (2 Coríntios 5.20).

  • Por quem “lutamos”? O quanto nosso ego está “estampado” na “bandeira” que carregamos?

  • O quanto conhecemos da “bandeira” que carregamos? Qual o nosso grau de comprometimento com esta “bandeira”?

Que o Senhor Jeová Nissi nos conduza nas nossas lutas deste século com a mesma motivação e seriedade que conduziu Seu servo Moisés.


Editorial de Marcio Giffoni



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