“Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo;
e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome,
com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa.”
(Jeremias 23.5, 6)
Uma verdade simples e biblicamente inquestionável nos guiará ao longo dessa reflexão: Deus é justo! Essa verdade está presente desde os primeiros livros das Sagradas Escrituras.
"Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo.
Deus é fidelidade, e nele não há injustiça; é justo e reto."
(Deuteronômio 32.4)
A Palavra de Deus apresenta esse fato sem longas explicações porque do Senhor vem a própria definição de Justiça. É justo tudo aquilo que está em conformidade com a natureza do nosso Deus perfeito. Ele é simplesmente justo.
A Bíblia começa com o relato de Gênesis, que mostra Deus criando o ser humano à Sua imagem e semelhança. Sendo Deus justo, Ele criou o ser humano de maneira semelhante: com uma natureza justa. Porém, como disse Spurgeon, quando o primeiro pecado entrou na humanidade, houve uma perda infinita em matéria de justiça. O ser humano sofreu a perda de sua natureza justa.
Desde esse dia, o mundo tem sido palco de incontáveis tragédias, injustiças e maldades das mais diversas. Convivemos diariamente com o nosso coração injusto, com a maldade das pessoas ao nosso redor, com a injustiça dos governantes que estão sobre nós e com as dificuldades de viver em um mundo caído.
A maldade é tanta que não é incomum ouvir questionamentos do tipo: "como pode existir um Deus bom e ainda assim ocorrerem tantas tragédias no mundo?" Essa pergunta é uma variação do famoso e tão discutido “Problema do Mal”.
A Bíblia, no entanto, deixa claro que a responsabilidade do pecado do ser humano, que tanto causa mal a si mesmo e às pessoas ao seu redor, é dele próprio. A resposta para tamanha maldade está na rejeição do próprio ser humano para com Deus. Deus apenas entrega o homem à maldade que ele mesmo busca. Paulo deixa isso claro na carta aos romanos:
"Por isso Deus os entregou à impureza sexual,
segundo os desejos pecaminosos do seu coração,
para a degradação do seu corpo entre si."
(Romanos 1.24 – ênfase do autor)
Por outro lado, a Palavra de Deus não nos deixa entregues a esse cenário de desesperança. Apesar de vivermos em um mundo mau, sob o governo de autoridades más e convivendo diariamente com pessoas más (como nós!), a história não anda sem rumo. A Grande História do Universo não está desgovernada. Há um Senhor por trás de tudo que acontece, orquestrando cada detalhe.
No início desse texto, vimos que Deus falou por meio do profeta Jeremias que Ele levantaria um rei justo, que agiria sabiamente e executaria justiça e juízo sobre a terra. Na história de Israel no Antigo Testamento, houve uma porção de reis maus e perversos. Houve também alguns reis bons e justos. No entanto, mesmo os melhores e mais justos reis de Israel não se comparavam Àquele que haveria de vir, o prometido por Deus. Todos eles eram apenas sombras que apontavam para o Grande Rei. Esse Grande Rei é o próprio Senhor Jesus, que Jeremias apresenta como Jeová Tsidkenu: Senhor Justiça Nossa. Ele governará o mundo com verdadeira justiça e sabedoria!
Jesus, no entanto, não é nossa Justiça apenas porque irá governar o mundo de forma justa. Jesus é a nossa Justiça duplamente! Ele é a nossa Justiça também porque Ele mesmo Se fez homem e morreu de forma maldita, suportando a ira de Deus que merecíamos suportar. Éramos todos injustos e Jesus era o único homem justo. Fazendo isso, a Bíblia ensina que Ele transferiu a sua justiça para nós. Essa é a famosa e gloriosa doutrina da Justificação.
"Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos,
para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado no Espírito."
(1 Pedro 3.18 – ênfase do autor)
Hoje, quando Deus olha para aqueles que creem em Jesus e o têm como Senhor e Salvador de suas vidas, Ele não mais enxerga seu passado sujo de transgressões. Ele enxerga a vida perfeita e justa do seu próprio Filho amado Jesus. Para nós pecadores sem esperança, essa é uma verdade profunda, gloriosa e bendita. Há esperança para pecadores injustos como nós! Jesus, Justiça Nossa, Jeová Tsidkenu, é a nossa gloriosa esperança!
Encerramos essa breve reflexão com o versículo que resume o plano maravilhoso de Deus de nos tornar justos. Conhecido como "A Grande Troca", esse versículo traz o resumo e a essência da Justificação:
"Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós,
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus."
(2 Coríntios 5.21)
Editorial de Fernando Saraiva
Referência:
www.spurgeon.org/resource-library/sermons/jehovah-tsidkenu-the-lord-our-righteousness