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O Começo do Natal

Há mais de 2000 anos, um bebê nasceu. Aquele foi, oficialmente, o primeiro Natal. No entanto, a Bíblia prediz essa história desde seu primeiro livro. Num certo sentido, o Natal não começa nos Evangelhos. O Natal começa em Gênesis.

 

Nos relatos da Criação e da Queda, Deus nos dá poucas, mas preciosas informações sobre o bebê que viria. Sabemos que esse bebê, que futuramente teria o nome de Jesus, era Deus — Ele estava desde o início com o Pai (Gênesis 1.1; João 1.1). E sabemos que Ele viria para destruir Satanás — a serpente (Gênesis 3.15), quebrando a maldição do pecado e trazendo salvação.

 

Nossa salvação, então, começa lá... num relato que é, ao mesmo tempo, triste e cheio de esperança.

 

“Então o SENHOR Deus disse à serpente: Por causa do que você fez,

você é maldita entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens.

Você rastejará sobre o seu ventre e comerá pó todos os dias da sua vida.

Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência (lit.: semente) 

e o descendente (lit.: semente) dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.”

(Gênesis 3.14 e 15 — ênfase do autor)

 

Nossa salvação começa com uma maldição

 

Logo após o primeiro pecado ser cometido (Gênesis 3.6), Deus inicia uma conversa com Adão e Eva. Pare para pensar por um instante... como você reagiria se sua criação perfeita decidisse se rebelar contra você? O que você falaria para ela?

 

É muito provável que nossas reações fossem muito parecidas, mas muito diferentes das que Deus teve. Diante dessa situação terrível, Deus simplesmente começa sua conversa fazendo perguntas a Adão e Eva (Gênesis 3.8–13). O que é interessante é que Deus não estava tentando conseguir informações, porque Ele sabe de todas as coisas e sabia exatamente o que havia acontecido. Qual o ponto, então, das perguntas? Numa demonstração de graça e misericórdia, Deus faz perguntas com o objetivo de criar um ambiente e uma possibilidade para que Adão e Eva demonstrassem seu arrependimento.

 

Porém, não há perguntas para a serpente (Gênesis 3.14 e 15). A fala de Deus para a serpente é direta, e a sentença é definitiva: maldita! Deus não diz que Adão foi amaldiçoado, ou que Eva foi amaldiçoada. Ele amaldiçoa o solo (Gênesis 3.17), multiplica as dores de parto (Gênesis 3.16), mas nada diretamente direcionado a Adão e Eva. A serpente, sim, é amaldiçoada; e nessa maldição, há esperança e salvação para nós. Aquilo que para a serpente era uma maldição, para nós era a possibilidade de salvação. A Semente tomaria sobre si a maldição, sofreria a pena pelo pecado da humanidade.

 

Nossa salvação começa com uma guerra

 

Deus declara guerra contra a serpente. Ele não deixa o homem sozinho. Ele não joga o homem na linha de frente da batalha. Ele declara guerra contra a serpente, jogando seu próprio Filho na linha de frente da batalha. Ele se vira para Adão e Eva e diz: “Agora que vocês se rebelaram contra mim, agora que vocês me rejeitaram, eu vou para a guerra contra Satanás em favor de vocês”. Por mais contraditório que possa parecer, é exatamente isso que Deus faz. Na declaração de que Deus está estabelecendo inimizade entre a serpente e a Semente da mulher, vemos também uma ênfase na soberania de Deus na salvação. Ele não se volta para nós e diz: “Salvem-se”, ou “Aqui está uma ajudinha, agora vocês fazem o resto”. Ele diz: “Eu vou guerrear por vocês, e a vitória já está garantida”.

 

A guerra teve início, e desde o princípio o lado vencedor já estava definido. A serpente seria destruída, e a nossa salvação mais uma vez se mostraria possível.

 

Nossa salvação começa com a promessa de um bebê

 

Agora, indo para um tema um tanto contrário à ideia de guerra e maldição, vemos que a nossa salvação começa com a promessa de um bebê. Pois é... nada “sobrenatural”, nada “superpoderoso”, apenas um frágil bebê. É interessante pensar, que desde o início, Deus disse para Seu inimigo qual seria o Seu plano. Ele disse que por meio da mulher viria um bebê que destruiria a serpente. Isso revela o poder de Deus, que faz todas as coisas como quer, e não há quem O possa impedir.

 

Além disso, também é interessante pensar que a solução de Deus veio pelo mesmo meio em que o pecado entrou no mundo. A serpente enganou a mulher, e a partir disso nós temos a Queda. Alguns versículos depois, Deus disse que usaria a mulher para trazer salvação à humanidade. É o “senso de humor” divino quebrando o orgulho de satanás, revertendo as estratégias do inimigo para nos trazer salvação. Como o apóstolo Paulo diz: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte do que a força humana” (1 Coríntios 1.25).

 

Nossa salvação começa com uma promessa tanto de morte quanto de vida

 

A única forma de reverter aquilo que foi feito no jardim era por meio da morte da Semente que viria. E aqueles que não desfrutam da vitória da Semente, experimentarão a morte que entrou no mundo com a Queda.

 

De forma geral, temos a tendência de pensar no Natal apenas em seu aspecto positivo: salvação, paz, segurança, Deus conosco, a Semente vitoriosa. Tudo isso é maravilhoso, e graças a Deus por isso! Mas sempre que falamos sobre um lado vencedor, é porque também há um lado perdedor. As maravilhas do Natal, a salvação que Jesus veio trazer, a vida eterna que podemos desfrutar... tudo isso é uma realidade apenas para os que creem nEle.

 

Nossa salvação começa com uma promessa tanto de morte quanto de vida. Não temos como mudar a realidade da Queda, mas podemos desfrutar de vitória ao abraçarmos o Natal. A Semente nasceu! Há esperança!

 

Editorial de Gustavo Santos


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