Salmo 124
Imagine a seguinte situação, você entra no consultório de seu médico apreensivo e com as mãos trêmulas que seguram um envelope contendo o resultado de um exame. Talvez dentro daquele pequeno pedaço de papel estejam nuvens escuras e carregadas de más notícias que desencadearão uma tempestade tão horrível e violenta em sua vida, que você acredita que não poderá suportá-la.
No entanto, quando o médico abre o envelope raios de sol invadem o consultório dissipando instantaneamente as trevas da incerteza e do temor que escravizavam diariamente os seus pensamentos. Suas energias são novamente restabelecidas pela boa notícia de que você não tem uma doença grave e você sai cantando louvores e glorificando o nome santo do Senhor pela libertação e por ter experimentado o cuidado providencial de Sua proteção.
Em um outro contexto, mas de forma semelhante, o rei Davi se vê envolvido em extremo perigo e num conflito iminente que poderia levar o povo de Israel à extinção. Os filisteus, ao derrotarem o rei Saul, acreditaram ter imposto o seu domínio na Palestina. No entanto, foram tomados de revolta e fúria ao saberem que Davi assumira o lugar do antigo rei. A partir de então, os filisteus buscam capturar Davi e colocam em risco a sobrevivência do povo de Israel, já enfraquecido pela guerra anterior. Porém, na certeza de que o Senhor tudo sabe e confiante na proteção de Sua presença, o rei consulta o Senhor e recebe o livramento, derrotando os filisteus por duas vezes.
Davi, então, de forma memorial e emocionante, descreve a libertação dada pelo Senhor e, em profunda reflexão, compõe o Salmo 124 e conclui, primeiro, comparando com figuras meramente ilustrativas, mas que sugerem ataques violentos e destruições iminentes, o que aconteceria a Israel se a presença do Senhor não estivesse com eles: seriam como que devorados vivos por animais ferozes e engolidos pela força letal de águas torrenciais. Em segundo, o rei proclama o nome do Senhor e O louva pelo o que realmente aconteceu: não foi a força, nem a esperteza de Davi, mas a ação libertadora da presença de Deus que fez o povo de Israel, ainda que presa fácil, escapar com vida da armadilha dos caçadores. E, por fim, o salmista manifesta toda sua confiança na pessoa do Senhor Deus, porque sabe que Ele é o único e todo poderoso Criador do céu e da terra e que, por isso, pode na Sua presença descansar seguro e em paz.
Um testemunho de fé, amor e confiança no Senhor feito pelo salmista que nos desafia, que nos leva confrontar a nós mesmos e nos convida a refletir: Como seria nossas vidas se Cristo não tivesse morrido em nosso lugar? Como seria se Ele não interferisse ou não nos mantivesse em Seu caminho? Como ficaria nosso trabalho? Nossa família...?
A única resposta é que seria um caos total e a vida não teria qualquer sentido. A verdade é que não existe uma área da nossa existência na qual Deus não Se faça presente. A questão é que temos um problema de relacionamento com o Senhor porque preferimos passar a maior parte do tempo usufruindo de tudo o que Ele pode nos dar do que desfrutar da presença de Sua própria pessoa. É por isso que não suportamos o resultado de um diagnóstico ruim, trememos quando enfrentamos a notícia de um desemprego, a perda de um ente querido ou qualquer outra situação que nos coloca dentro de algum conflito ou crise.
Portanto, tudo o que precisamos é aprender a viver na presença do Senhor, desfrutando totalmente de Sua companhia. Só assim compreenderemos que tudo o que nos acontece de bom ou de ruim vem das mãos soberanas do sábio criador e, por isso, o temor já não mais nos dominará e poderemos descansar tranquilos, na certeza de que nossa vida já está sob o Seu cuidado providencial. E, assim como o rei Davi, que nós também possamos cantar louvores por tudo o que o Senhor já fez por nós e, com o coração repleto de gratidão, testemunhar a grandeza do Seu nome e tudo o que poderia ter nos acontecido “SE” Ele não tivesse nos salvado.
Amém! Aleluia!
Editorial de Walter Feliciano
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