Na época da Páscoa somos expostos a várias referências ao sacrifício de Jesus. Nas igrejas, nas redes sociais, na televisão existem diversas menções à crucificação e, mesmo que com o passar dos dias gradualmente deixemos de enfatizar tanto esse fato bíblico e histórico, somos dele recorrentemente lembrados pela Ceia do Senhor e por diversas passagens bíblicas. Inclusive, ao falar sobre a Ceia, o apóstolo Paulo indica que um de seus maiores propósitos é exatamente a anunciação da morte de Cristo até o seu retorno futuro (1 Coríntios 11.26). O sacrifício de Jesus foi algo tão importante que uma das práticas instituídas de maneira mais direta para a igreja é justamente para sua lembrança. Mas por que tanta ênfase na lembrança de algo tão triste? Por que anunciar a morte de Cristo e não a sua ressurreição?
É fato que a outra ordenança dada diretamente à igreja, o batismo, além de nos relembrar da morte de Cristo, aponta para a sua ressurreição (Romanos 6.4). Entretanto, o mais recorrente de nossos memoriais ainda é claramente focado na sua morte e isso também transcende a Era da Igreja, em que vivemos agora, já que, por todas as Escrituras, vemos a presença de sacrifícios, começando por aquele animal usado por Deus para cobrir a nudez de Adão e Eva após pecarem.
Naquele momento vemos o início do importante conceito da substituição, visto que, em razão do pecado de Adão, aquele animal sofreu e morreu, isto é, a morte decretada por Deus (Gênesis 2.17) foi transferida de maneira visível e imediata àquele animal em lugar da morte física de Adão, que ocorreu muitos anos depois. A morte ali mostrou o que o pecado representava no campo espiritual e também a sua seriedade, por meio de algo que até então era desconhecido por Adão e que apontava também para a sua morte física que ocorreria no futuro.
O pecado mudou tudo para aquele homem, e para todos outros homens e mulheres depois dele. A morte se tornou algo comum, bem como doenças, catástrofes, guerras. A preocupação com ela passou a escravizar os homens, enchendo-os de temor (Hebreus 2.14-15). O ser humano teve de aprender a conviver com as consequências do pecado, sendo importante ao cristão reconhecê-las ao longo da história.
O (seu) pecado teve consequências no passado
A Bíblia é cheia de exemplos das mais diversas consequências do pecado. Eles incluem casos em que elas são resultado de pecados específicos (2 Samuel 12.14, Josué 7.11), bem como da queda do homem de maneira mais geral. O mais importante deles é o que com mais afinco devemos nos lembrar: o sacrifício de Jesus em nosso lugar. O fato de o Filho de Deus ter vindo à terra e morrido a nossa morte é o mais impressionante resultado da desobediência do homem. O sacrifício de Jesus é resultado dos nossos pecados, por menores que eles sejam. Vale lembrar que o próprio pecado de Adão não pareceu ser tão grande, afinal, ele não matou, não roubou, não adulterou, mas simplesmente comeu um fruto de uma árvore proibida por Deus. Ou seja, a desobediência a Deus naquela “pequena” coisa, levou Jesus Cristo à cruz, da mesma forma que a nossa desobediência em diversas outras áreas o faz.
O (seu) pecado tem consequências hoje
Não é difícil vermos à nossa volta as mais variadas formas de sofrimento. A criação como um todo é afetada diariamente pelo pecado e urge por redenção (Romanos 8.19-22). Por mais que muitos pecados ainda pareçam impunes na esfera terrena, muitos também são levados à justiça humana, resultando diversas vezes em vidas desperdiçadas em uma prisão (1 Timóteo 5.24). Famílias são destruídas pela infidelidade, vidas destroçadas pela violência, frutos do trabalho arrebatados pela corrupção, pessoas queridas acometidas por doenças impiedosas. Isso sem contar a luta constante que temos contra nossa própria carne, que nos desanima, levando-nos ao ponto de exclamarmos: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.24)
O (seu) pecado terá consequências no futuro
Por fim, o pecado que é praticado hoje, também influencia a eternidade, já que revela a condição daquele que o pratica. Por mais que a morte de Cristo já tenha pago o preço do nosso pecado, a responsabilidade com relação a termos uma vida piedosa é nossa. Uma vida cristã saudável, revela um coração piedoso e um futuro de vida e não de morte (Romanos 8.13). A Bíblia é enfática em dizer que a condição do cristão nascido de novo não condiz com a prática do pecado: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.” (1 João 3.6) Ou seja, uma vida de pecado, terá como consequência uma eternidade separada de Deus, já que revela o desconhecimento do próprio Jesus Cristo de maneira plena.
Lembrar-nos da cruz de Cristo não é somente uma tradição pascal ou algo restrito à Ceia do Senhor, antes, é algo fundamental para nossa vida cristã diária, já que o pleno conhecimento da seriedade do pecado e de suas consequências é uma poderosa arma contra a sua prática. Reflita sobre as possíveis consequências passadas, presentes e futuras antes de praticar algo que possa ser pecaminoso. Pense em Jesus, nos sofrimentos a sua volta e na eternidade para blindar seu coração e viver uma vida que busque agradar a Deus antes de qualquer coisa como resposta a tão grande amor que Ele nos deu ao morrer em nosso lugar e nos dar uma vida eterna sem mais sofrimentos e em plena comunhão com Ele. Confie que o poder que vive em você é o mesmo que conquistou a morte (Romanos 8.11), tornando-o plenamente capaz de seguir as Escrituras. E, finalmente, não se esqueça de que a cruz de Cristo não foi o fim, Ele ressuscitou e reina soberano de maneira a transformar mesmo as piores consequências de nossos pecados em bem para nós e glória para Ele.
Editorial de André Negrão
Comentarios