“O que era desde o princípio, o que temos ouvido,
o que temos visto com os nossos próprios olhos,
o que contemplamos e as nossas mãos apalparam,
com respeito ao Verbo da vida
(e a vida se manifestou, e nós a temos visto,
e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna)”
(1 João 1.1, 2)
Este texto é de João, “apóstolo repórter” que esteve com Jesus e foi testemunha ocular de que Deus é luz!
Para que esta mensagem de amor e salvação chegasse até nós, outros apóstolos, profetas e discípulos testemunharam sobre os feitos do Senhor, mostrando assim o alcance da misericórdia de Deus para com os pecadores.
O preço foi caro demais, a começar por Jesus que foi crucificado, e seus discípulos que também foram perseguidos, presos, maltratados e mortos por proclamarem o Evangelho. Por causa deles e de muitos outros, as Boas Novas chegaram até nós, bem como a muitos lugares difíceis.
Em 15 de março de 2018, participei de uma viagem missionária ao Amazonas com mais doze homens de nossa igreja. Que legal! Treze homens e uma missão de pregar o Evangelho para os ribeirinhos.
Nesta missão, percebi melhor que os escolhidos precisam da salvação em Jesus. Esta observação é óbvia, mas muitas vezes não é evidente para nós. Como nós, índios e ribeirinhos precisam confessar com a boca e com o coração que Jesus é Senhor, morreu e ressuscitou para salvar pecadores (Romanos 10.9–15; 1 Timóteo 1.15).
No início da missão, nos encontramos no posto da Gruta e partirmos na van do Fernando para o aeroporto de Cumbica. Muitas brincadeiras, alegria e comunhão! Aliás, sobre isto temos tudo documentado numa fiel resenha escrita pelo nosso irmão Márcio.
Embarcamos no avião para Manaus e chegando lá, fomos recebidos pelo Greg Parker, que nos esperava com um micro-ônibus para nos levar à base da Missão SEARA (Serviço de Evangelismo e Assistência aos Ribeirinhos do Amazonas). Lanchamos e pegamos uma estrada horrível, muito escura e esburacada. Então, no meio das brincadeiras, comecei a achar perigoso e orei no meu íntimo pedindo a misericórdia de Deus para nos livrar de acidentes. Graças a Deus chegamos bem.
Finalmente, naquela madrugada chegamos em Itacoatiara onde fica a base da Missão SEARA. Fomos bem recebidos pela tripulação do barco que nos conduziria aos locais programados — eram eles Richard Parker e sua esposa Kim, Greg e sua esposa Anne com um casal de filhos bem pequenos e uma moça natural da região, chamada Sheila. Rapidamente nos conduziram para dentro do barco. Parecia uma missão secreta na madrugada, muito organizada.
O barco era bem construído, com uma cozinha, restaurante, dormitório para a tripulação no térreo, um andar intermediário com redes e beliche para os passageiros. Havia também um pavimento superior que era um ótimo observatório das belezas naturais.
Iniciamos a viagem e para minha surpresa, gentilmente os passageiros, irmãos amados, decidiram que eu deveria dormir no beliche, e sempre seria o primeiro da fila nas refeições. Que bondade deles para com um varão como eu, “sexagenário seminovo”! Senti-me muito acolhido!
Para minha surpresa, no comando do barco estava o Greg. Na verdade, ele era o missionário piloto da embarcação e dividia o comando do barco com seu pai Richard Parker.
A princípio, na viagem pelo rio, pude ver o testemunho de que os céus proclamam a glória de Deus e que o firmamento anuncia a obra de Suas mãos (Salmo 19.1). Estava evidente a manifestação de Deus (Romanos 1.20), e diante disto pude perceber que ninguém pode dizer “que não há Deus”.
Outro testemunho foi o da família Parker. Família de origem norte-americana, que deixaram um país próspero, com uma condição de vida diferenciada e vieram servir como missionários no Amazonas. O missionário Richard Parker fundou o Instituto Missionário Palavra da Vida Norte (IMPV), que capacita pessoas para o ministério. Em 1995, o missionário Richard Parker e o pastor Pedro iniciaram um trabalho para alcançar os ribeirinhos através dos barcos. Em 2003, seu filho Richard e sua esposa Kim chegaram e assumiram o trabalho, formando a base da SEARA em Itacoatiara.
Pude ver em Richard Parker, um líder inspirador e servo fiel, tanto para sua família, como para os missionários e ribeirinhos que carinhosamente o chamavam de “Seu Ricardinho”.
Que preciosidade ver a Kim (Sra. Kimberly), companheira idônea, sábia como a mulher de Provérbios 31, um belo testemunho para sua nora Anne, para as esposas de missionários e até para sua netinha que parecia ser clone dela. Ela também lidera com exemplo — não deixava faltar e nem sobrar nada.
Vi que Greg, filho de “Seu Ricardinho” e Kim, era um missionário, piloto de barco, construtor, correspondente, pescador, caçador, “o faz de tudo”, seguindo o exemplo de seu pai e inspirando seu pequeno filho.
Quando desembarcamos nos lugares, o que vimos foram missionários com suas esposas e filhos, alojados numa casa (construída muitas vezes pela própria Missão), e um salão de culto onde os missionários, com muita intrepidez, levavam as Boas Novas de Cristo para salvação daquela gente.
Eles contam com a simpatia dos povos ribeirinhos. Então me perguntei: por que fazem o que fazem, e como fazem? Logo tive a resposta: Aqueles missionários cumprem a ordem do ide pregai (Marcos 16.15), ordem muito específica para alcançar os ribeirinhos, uma seara muito grande que precisa de mais trabalhadores!
Eles atuam em seis grandes rios e cento e seis comunidades ribeirinhas — é muito grande o alcance, e existe muito mais lugares a serem atingidos!
Eles sofrem com possibilidades de assaltos, traficantes, chuvas, falta de acesso a serviços básicos de saúde, entre tantas outras necessidades.
Para entender a grandiosidade deste trabalho, acesse o site da Missão SEARA (www.searapv.org).
Para nós, como eles, temos que cumprir a ordem do “indo fazei de discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”, ordem esta que é meta de nossa igreja em 2020.
Temos a melhor mensagem do mundo, que é a salvação em Cristo Jesus, então, como luz do mundo e sal da terra, vamos obedecer à ordem amando o nosso próximo, que é quem está mais perto de nós a qualquer instante — a começar na minha casa, na minha família, vizinhos e até aos confins da terra. Como diz Paulo: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crer” (Romanos 1.16).
É bom demais ver que o amor de Jesus é grande e largo, e poder constatar que este Evangelho, de uma maneira acelerada, está alcançando várias partes do mundo através da internet e quebrando muitos paradigmas!
A pandemia do coronavírus nos forçou a utilizar as ferramentas da internet para proclamarmos o Evangelho além das quatro paredes.
Fico a pensar: se com todas as dificuldades e perseguições este Evangelho chegou até nós e aos ribeirinhos, oro para que usemos a tecnologia de forma sábia, alcançando o máximo de pessoas possível com as Boas Novas do Evangelho, para a glória de Deus!
Que Deus nos abençoe na missão que Ele tem para cada um de nós.
Editorial de Zilson Cunha
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