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Tirando o Peso das Costas

É impressionante ver como os trabalhadores da construção civil — mais precisamente os pedreiros — carregam tantas coisas pesadas com uma velocidade incrível. Carregam peso durante o dia todo: sacos de cimento, carrinhos de areia e muitos blocos. É um grande fardo diário. Chegando ao fim do dia, isso acaba e podem descansar. Fazendo um paralelo a esta realidade, muitas pessoas carregam fardos pesadíssimos e talvez nem saibam. Estou falando de culpa, um fardo que todos já carregamos. É um fardo tão pesado que nenhum de nós é hábil e nem forte o suficiente para removê-lo. Parece que não há descanso. Mas a Bíblia nos mostra que em Jesus encontramos o livramento e descanso desejados.


A realidade da culpa


Talvez seja um pouco difícil para alguns definir o significado de culpa, se um é sentimento ou um estado. Mas, o fato é que ela é objetivamente uma realidade, pois a culpa é resultado da quebra da Lei de Deus, e até mesmo da lei dos homens. Se Deus diz em sua Lei que mentir é pecado (Êxodo 20.16), qualquer coisa que não seja verdade é mentira, e a violação da Lei o faz culpado por transgredi-la. Assim também acontece quando você dirige em uma via de 60 km/h a 80 km/h e o radar o flagra: culpado! E, assim todos vamos experimentar as consequências objetivas da transgressão, seja pela mentira ou infração de trânsito.


A culpa também pode aparecer na forma de sentimento. Como algo que te incomoda pela transgressão cometida. Este sentimento é importante, mas por ser de ordem subjetiva, ou seja, por estar relacionado aos sentimentos da pessoa, pode ser enganoso. É normal que ao descumprir uma lei ou regra você seja culpado pela transgressão e o sentimento o acompanhe, porém em ambientes legalistas nem sempre é assim. No contexto farisaico da época de Jesus, onde se criavam regras religiosas que Deus não havia criado, um sentimento de culpa era imposto sem que houvesse transgressão de fato. Trazendo para os nossos dias, ouvi uma história uma vez sobre um membro ativo de uma igreja ter sido excluído da membresia por jogar futebol no domingo ao invés de ter ido à Escola Bíblica Dominical.


Não podemos excluir o fato da culpa nem o sentimento que nasce dela em nossas vidas. Precisamos analisar a culpa na ótica da Palavra de Deus, pois é dela que observamos o que Deus quer para nós. Então, quando um problema acontece, é preciso calma e honestamente se perguntar: Onde eu transgredi a Lei de Deus? Assim, você passará ao próximo passo do problema. Caso você seja realmente culpado, a próxima pergunta deve ser: Como vou lidar com a minha culpa?


Lidando erroneamente com a culpa


Quando eu era criança desenvolvi uma técnica (acho que todos fazem isso) de esconder a minha culpa de uma “arte” bem-feita. Um dos detalhes desse processo era ser firme na postura, e olhar com um “olhar confiante de inocência” diante dos meus pais. Isto me livrou de umas boas e merecidas cintadas. Negar aos outros e a nós mesmos a culpa talvez seja a maneira mais comum de tentarmos lidar erroneamente com ela. Porém, agir desse modo só revela que nosso coração se importa mais em evitar a qualquer custo as consequências do que agir conforme Deus quer que o façamos.


Outra maneira que costumeiramente lidamos erroneamente com a culpa é nos justificando pelo ocorrido. Disto flui argumentações e mais argumentações, superexplicações que tentam apresentar o erro como justificável, mas não são eficazes.


Tornar-nos obcecados com a nossa culpa é uma maneira um tanto dolorida e danosa de lidar com o problema. Fazemos dela um fardo tão grande, tão pesado, nos levando a questionar a salvação, ficando sem esperança e deprimidos.


Estas maneiras de lidar com a culpa são pecaminosas e malsucedidas, e nos mostram quão dolorosa é a condição de carregar a culpa e o sentimento de culpa. Elas também mostram que nosso coração não está focando em Deus e na forma que Ele quer que lidemos com nossos pecados. A boa notícia é que Ele nos deu uma forma de lidar de fato com a nossa culpa.


A solução para a culpa


Como nos livraremos realmente da culpa? A Palavra de Deus nos dá a direção. Primeiro Ela nos mostra quem somos de verdade. O livro de Romanos, nos três primeiros capítulos, mostra a realidade do homem, sua total negação da grandeza e existência de Deus, sua injustiça e capacidade para o mal. Somos todos culpados diante de Deus pelos nossos pecados. Ninguém escapa!


Assim, estando tão longe do padrão de Deus, não tínhamos solução se o próprio Deus não agisse. Mas Ele agiu! Ele nos libertou do pecado e da culpa resultante enviando seu único Filho, Jesus Cristo, para enfrentar por nós uma morte sofrida e imerecida. O perdão conquistado na cruz nos livra do pecado e da culpa. O perdão em Cristo nos liberta de nos enganarmos com as formas erradas de lidar com a culpa e nos direciona para Deus, que é a única solução real.


“Mas, se confessarmos nossos pecados,

ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.”

(1 Joao 1.9)


Este texto nos dá a certeza de que Deus nos perdoa. Não precisamos fugir da culpa, super dimensioná-la, nem tentar mil desculpas. O que precisamos é reconhecer, confessar o pecado, e assim suplicar o perdão de Deus, tendo a certeza de que em Jesus já recebemos o perdão. Desta forma, caminharemos para o abandono dos pecados e resolução dos conflitos em nossas vidas.


Atitudes práticas para lidar com a culpa

  • O pedido de perdão ao Senhor é sempre o primeiro passo. Se alguma outra pessoa foi afetada pelo seu pecado, também deve ser tratado com ela.

  • Quando for pedir perdão a alguém, seja objetivo, reconheça o pecado, as consequências e a culpa. Use a Palavra como guia para delinear em que errou, não diminua ou supervalorize o pecado.

  • Ao perdoar alguém, seja misericordioso como nosso Senhor é conosco. Entenda o medo e receio da pessoa, diga em alto e bom tom que a perdoa. Abrace e restaure o irmão na comunhão plena em Jesus com você.

  • Gaste tempo com o Senhor pensando no que fez, onde errou, nas consequências etc. A Palavra de Deus é a sua régua. Se tem dificuldades, mesmo assim, peça ajuda a alguém mais maduro para ter um direcionamento.

  • Não ache que o perdão de alguém o livrará sempre das consequências. Esteja disposto a pagar o preço pelo pecado cometido.

  • Se você tem carregado pecados e culpas por um tempo demasiado, resolva o mais breve que puder. A Bíblia nos alerta sobre o mal da mente cauterizada. Não deixe seu coração se endurecer e se tornar insensível ao pecado por ficar carregando um fardo que te fará um grande mal.

“Agora, portanto,

já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.”

(Romanos 8.1)


Editorial de William Rubial


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